Efeméride. 144 anos de José Augusto Simões Baião

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No dia 29 de setembro de 1875 nascia no Alqueidão de Santo Amaro, Bêco, Ferreira do Zêzere, uma das figuras que marcaram a primeira metade do século XX ferreirense: José Augusto Simões Baião.
Irmão mais velho do historiador e erudito Dr. António Baião, foi talvez o homem que mais tempo esteve à frente dos destinos do concelho, ora como Administrador do Concelho, ora como Presidente da Câmara, começando na primeira década do século XX ainda no tempo da Monarquia,  continuando na Primeira República sempre que o Partido Republicano/Partido Democrático tomou o poder e voltando no Estado Novo, depois de um interregno de 8 anos por se opor à Ditadura Militar,  entre 1936 e 1949, altura em que lhe foi concedida a exoneração e foi substituído pelo Dr. Guilherme Soeiro.
Engenheiro agrónomo de formação, ergueu a Casa Agrícola José Baião que se converteria na mais importante exploração agrícola do seu tempo, espalhada por 4 freguesias e onde dois lagares (já usando a moderna tecnologia das prensas hidráulicas) seriam um dos seus maiores orgulhos, tendo sido também um dos sócios fundadores dos Azeites de Ferreira do Zêzere.
Homem apaixonado e dedicado à terra, nela foi também fundador do Sindicato Agrícola (ao tempo da Primeira República) e do Grémio da Lavoura de Tomar e Ferreira do Zêzere (já no Estado Novo e do qual foi vice-presidente até à morte), exercendo também funções de Delegado do Julgado Municipal, Presidente dos Bombeiros Voluntários, avaliador oficial de terrenos, etc.
A ele se deve uma das mais importantes e sistemáticas recolhas histórico-etno-geo-fotográficas sobre o concelho, disponível e acessível a todos desde que a Fundação Maria Dias Ferreira a digitalizou há mais de 10 anos.
A população da Ponte do Tabuado e arredores a ele deve a construção do Posto Escolar,  para o qual cedeu o terreno (e suportou encargos ainda antes da sua construção,  alojando a professora em sua casa), assim como o empenho que pôs na construção da estrada que liga as Gontijas à Gravulha, que permitiu pôr mais perto da sede do concelho as populações das Areias e Chãos, usando para isso os seus próprios empregados e o material da sua casa.
Sempre entendeu que a sua missão era servir a sua terra ajudando ao seu desenvolvimento e à melhoria das condições de vida da sua população,  e esse labor fez com que, à sua morte, recebesse a honra de ser chamado “pai dos pobres” por aqueles a quem, todas as quintas-feiras e Domingos, servia gratuitamente refeição em sua casa.
Homem de cultura como o irmão, apesar de ter dedicado a maior parte do seu tempo ao exercício – não remunerado – da política e da sua missão,  manteve-se até ao fim da vida interessado pelas últimas novidades e invenções agrícolas, com o mesmo espírito vivo que lhe permitiu na juventude, ajudar os seus mestres do Instituto de Agronomia e Veterinária na identificação e estudo da “gafa da azeitona” e da “traça da batateira”, tendo sido premiado na Exposição Universal de Paris de 1900 pela sua tese de licenciatura sobre os defeitos e doenças do vinho. Perdeu-se um investigador, ganhou-se um autarca intransigentemente dedicado ao seu torrão natal.

Nesta fotografia está de pé, à conversa com o irmão, na Ponte do Tabuado, na última Páscoa em que foi vivo, em Abril de 1953.

Artigo de Luís Russo Pistola

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