Violência em relações de intimidade na gravidez

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Nesta semana, e assinalando o dia 25 de novembroDIA INTERNACIONAL PELA ELIMINAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES, a Equipa de Prevenção da Violência no Adulto do Centro de Saúde com a colaboração da Enfª Marta Oliveira da Unidade de Cuidados na Comunidade Maria Dias Ferreira, convidamo-vos à reflexão sobre o tema “Violência em relações de intimidade na gravidez”.

De acordo com o que a investigação demonstra de forma consistente, a gravidez pode constituir um fator de risco para a violência perpetrada em relações de intimidade. Segundo um estudo da OMS cerca de metade das gravidas inquiridas afirmou ter sido agredida pela primeira vez no decurso da gravidez (OMS como referido por DGS, 2016).

Um estudo nacional revela que a agressão psicológica foi a mais verificada (41,6%), seguida da coerção sexual (13,7%) e do abuso físico sem/com sequelas (8,4-2,5%). Verificaram-se como fatores de agravamento do risco o nível de escolaridade da mulher, o desemprego, baixo rendimento, história anterior de violência familiar, maior número de gestações e não planeamento da gravidez. Existiu ainda a associação entre a violência por parceiro íntimo e o tabagismo e consumo de álcool (Moreira, 2017).

Geralmente, as mulheres em situação de vitimização desejam que a situação de violência termine, mas não a relação, verificando-se um elevado grau de dependência emocional e económica, associado a características de uma personalidade dependente.

Outros fatores que fomentam a manutenção da mulher grávida numa relação abusiva são o medo de represálias e insegurança receando não ser capaz sozinha, a dependência habitacional, a culpabilização pela situação, a crença de que o companheiro/a irá mudar, a pressão da família, o não reconhecimento da situação como um problema ou como sendo um crime, os papéis tradicionais da mulher e do homem na sociedade, o receio de perder os filhos em caso de envolvimento dos serviços sociais e da justiça e a preocupação relativamente ao estatuto de imigrante entre outros.

De diferentes formas, este fenómeno pode ter consequências graves na saúde da grávida, tanto sob o ponto de vista físico como mental, e também na saúde do embrião ou do feto.

A prevenção do fenómeno implica o desenvolvimento de políticas e programas educativos e profissionais de saúde com maior conhecimento deste tipo de violência de forma a estarem mais sensíveis e atentos a este período do ciclo de vida.

É interessante e triste compreender que a maioria das vítimas revela que ninguém as abordou sobre a temática da violência durante as consultas de acompanhamento da gravidez… 

Mas se está grávida e identifica-se com esta situação, não deixe passar… 

Procure apoio junto dos profissionais de saúde e autoridades competentes…

Alguns contactos de apoio ou links de referência e recursos relacionados com o tema:

  • 112 – Número Nacional de emergência /Número Europeu de Socorro
  • 144 – Linha Nacional de Emergência Social
  • 116 006 – Linha de Apoio à Vítima (dias úteis, 09h-21h, chamada gratuita)
  • 800 202 148 – Serviço de Informação às Vítimas de Violência Doméstica.

Direção Geral da Saúde (2016). Violência Interpessoal. Abordagem, diagnóstico e intervenção nos serviços de saúde. 2ª edição.  Ação de saúde sobre género, violência e ciclo de vida. Lisboa, Portugal. Recuperado de https://www.dgs.pt/accao-de-saude-para-criancas-e-jovens-em-risco/ficheiros-externos/violencia_interpessoal-pdf.aspx

Moreira R. (2017). Violência por parceiro íntimo na gravidez e consequências perinatais (Tese de Doutoramento). Instituto de Ciências da Saúde. Universidade Católica Portuguesa. Lisboa, Portugal. Recuperado de https://repositorio.ucp.pt/handle/10400.14/27683

In: UCC Maria Dias Ferreira

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